O ato falho é um erro ou deslize involuntário que pode ganhar um significado revelador sobre algo do inconsciente do paciente.
Mas para entender o que o ato falho esconde como conteúdo inconsciente é necessário que o psicanalista preste atenção ao discurso do analisando, pois o ato falho, que é de interesse para o analista, não se manifesta como ato isolado, mas sempre dentro de um contexto da narrativa, que é manifesto por ele e percebido através da atenção flutuante do psicanalista.
Tendo isso em mente, trocar ou esquecer um nome dentro de uma narrativa que está em curso, quando o controle do discurso está flutuando, ou seja sem muito controle do consciente, abre uma janela para o inconsciente se manifestar através de um esquecer ou trocar nomes por exemplo. A partir dessa manifestação involuntária cabe a psicanalista não desenvolver uma réplica, oferecendo uma interpretação imediata e afoita, mas sim ser curioso sobre essa janela de oportunidade: "o que você quis dizer quando manifestou esse ato falho?" ou seja através de uma devolutiva questionadora deixar o paciente trazer para a linguagem o significante do conteúdo inconsciente.
Carlos Augusto Toigo | Psicanalista